terça-feira, 22 de maio de 2012

Adequação a nova ortografia tem prazo


Termina em 31 de dezembro deste ano, o prazo para os brasileiros se adequarem ao novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O Brasil será o primeiro país lusófono a adotar oficialmente a nova ortografia, que simplifica várias regras, segundo o professor Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras e responsável pela elaboração daModerna Gramática Portuguesa, uma das mais usadas pelas escolas do país.

O fim do uso do trema é um dos exemplos desse espírito de simplificação, na opinião de Bechara. Ele argumenta que havia muitas dúvidas sobre seu uso, como no caso da palavra “bilíngue”, cujo “u” é pronunciado pelos brasileiros, mas não pelos portugueses. Mesmo no Brasil, os habitantes de algumas regiões pronunciam o “u” de certas palavras, como “questão”, enquanto outros omitem o som desta letra.

Qual seria, então, a forma correta de escrever tais palavras pelas regras da ortografia antiga? Foi a impossibilidade de adotar uma única representação escrita para as diversas maneiras de pronunciá-las que levou os acadêmicos a abolir o uso do trema, deixando que a tradição oral de cada região defina se o “u” é ou não pronunciado. “Muitos se queixam a respeito da queda do trema, mas a solução adotada foi inteligentíssima”, opina o professor.

Outra queixa contra as novas regras ortográficas é que elas continuam sem dar uma solução clara e objetiva para o uso do hífen. Evanildo Bechara, contudo, não compartilha da mesma opinião, já que a dificuldade de seu emprego não é exclusiva do português. “Todas as línguas que usam o hífen – como o espanhol, o inglês e o francês – encontram a mesma dificuldade”, diz o professor. A questão, explica ele, é que a função do hífen, de forma geral, é mostrar as formas compostas. E a passagem de duas palavras para formar um composto depende muito de como cada um entende a palavra.

Pelas novas normas ortográficas, “pé de meia”, por exemplo, deve ser escrito sem hífen, quando se refere ao pé de uma meia. Mas se “pé-de-meia” significar “poupança”, “economia”, a forma correta de escrever é com hífen, já que, neste caso, as palavras “pé” e “meia” são utilizadas para conotarem uma ideia diferente de quando ditas isoladamente. É por isso que a patente “general de brigada” também não precisa de hífen, diferentemente de “tenente-coronel”, que, por não ter um elemento de ligação, forma um composto que expressa uma nova unidade de ideia com sentido diferente de “tenente” e “coronel” enquanto palavras independentes. (Mais www.multirio.rio.rj.gov.br)