sábado, 12 de novembro de 2011

Terceiro Setor -- Voluntariado


Gestão do trabalho voluntário em organizações sem fins lucrativos -- Um olhar sobre a obra da consultora Ana Maria Domeneghetti

                                                  -- Bruno Lopes  é gestor do Instituto Monitor

É notória a relevância que o terceiro setor vem ganhando na sociedade contemporânea. São muitos os assuntos e eventos  que pairam sobre esse tema, principalmente  com  a proximação da Conferência  Internacional do  Voluntariado --  marco da Década do Voluntariado (2001-2011) instituído pela Onu -, que acontecerá  em  dezembro em São Paulo , e que irá reunir  mais de 60 CVs de todo país,  resultando ,assim, numa verdadeira troca de experiências  e de um novo futuro para os voluntariados . Dentro deste contexto, aproveito a referência  para  falar do presente livro  da consultora do Terceiro Setor, Ana Maria Domeneghetti ,  que vem esclarecer e definir alguns conceitos importantes para o entendimento deste novo setor hoje. Nesse sentido, a primeira parte da obra de Ana Maria Domeneghetti, apresenta os conceitos e definições do terceiro setor, explicitando de forma didática a importância do mesmo para a sociedade. Além disso, apresenta  os  aspectos jurídicos que norteiam  este setor, mostrando, desta forma, as diferenciações entre associações e fundações. Partindo de arcabouços legais,  a autora explica as relações de trabalho dentro de uma ONG (Organizações não governamentais sem fins lucrativos), chamando a atenção quanto ao quadro de pessoas que compõem a equipe de trabalho, destacando os voluntários, haja vista que este tipo de pessoa só pode ser encontrado dentro do terceiro setor, e é  de suma importância para o seu funcionamento.
Ana Domeneghetti  faz questão de pontuar os sentimentos e razões que movem o ser humano e leva-o para o trabalho voluntário. Foi mostrado que o amor é  mola propulsora do trabalho social e as religiões contribuem de forma significativa para que isso ocorra, transformando o bom sentimento em caridade. Ainda analisando o trabalho voluntário, a autora apresenta um estudo onde mostra que os voluntários são diferentes, ou seja, dependendo de sua etnia, cultura e forma de viver,  suas ações voluntárias seguem um ou outro caminho. Um exemplo disso está no voluntário brasileiro, que se movimenta muito mais pelo paternalismo e está, na maior parte das vezes, ligado à caridade. Em contrapartida, os norte-americanos praticam trabalhos voluntários muito mais pelo amor à pátria e ao nacionalismo. Independentemente do motivo que leva uma pessoa a tornar-se voluntário, o fato é que este tipo de trabalho conduz  à  longevidade. Além disso, foram apresentadas, as ações vencedoras do voluntariado e alguns conceitos importantes para a compreensão desta atividade.
Neste cenário, a autora mostra formas de gerir com excelência,  os voluntários dentro de uma organização, ou seja, mesmo sendo um trabalho que não possui fins materiais, o trabalho voluntário deve se profissionalizar, assim como todo o terceiro setor. Deve-se criar um departamento específico do voluntariado, com filosofia, missão e objetivo claro e alcançável. Seguindo essa linha, foi apresentada a definição de gestão e estratégias para a implantação do departamento de voluntários, reforçando a importância do planejamento em todas as etapas do processo. Para  a consultora Ana Maria Domeneghetti, esse processo possui duas partes principais: o âmbito filosófico estratégico e âmbito tático operacional. O primeiro está mais voltado para o planejamento do departamento e o segundo relaciona  a questões praticas e ações concretas. A autora apresenta também algumas sugestões de captação de recursos, ferramentas de marketing, códigos internos de premiação, entre outros aspectos que podem
ser utilizados para tornar a organização mais profissional. Face ao exposto, a autora finaliza sua obra informando que atualmente o grande desafio das organizações é manter os voluntários, ou seja, motivá-los a continuarem atuando nas ações sociais. Uma forma de superar esse desafio é estruturar a organização de modo eficiente e profissional.  
* Ana Maria Domeneghetti é consultora do Terceiro Setor, professora do curso de Administração de empresas da Puc - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professora do curso de pós-graduação lato sensu em Terceiro Setor e autora do livro Voluntariado: gestão do trabalho voluntário em organizações sem fins lucrativos. 
*Nota. Conferência Internacional de Voluntariado - a Década do voluntariado. O evento espera contar com  a presença de mais de 60 CV’s, e como parte de seu público, as  empresas, governos, ONGs e voluntários, espalhados pelo país.  Os  temas abrangem todas as perspectivas do voluntariado, e facilitarão a  troca de experiências ,  conhecimentos e definições de novos arranjos para o voluntariado. O evento ocorrerá em São Paulo, entre 15 e 17 de dezembro  de 2011.

Educação Profissional e Ensino Médio em dois turnos

Com a abertura do seminário de Educação Profissional e Ensino Médio, concluído na sexta-feira, (dia 11) em Brasília, o Ministério da Educação iniciou o debate sobre a ampliação da oferta de ensino técnico concomitante, modalidade em que o aluno cursa o ensino regular em um turno e a formação profissional em outro. 

Com isso, um grupo de trabalho formado por membros das secretarias estaduais de educação, do Sistema S e dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia discutirá a articulação entre as instituições que ofertarão o ensino profissional e médio. Os estudantes dessa modalidade de ensino serão beneficiários da Bolsa-Formação, por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec).

O acontecimento reuniu mais de 250 participantes que disccutiram estratégias para a modificação do currículo no ensino médio nas escolas que aderirem ao projeto, criação de grupos de trabalho, democratização do acesso e permanência, além de assistência estudantil.

De acordo com o secretário de educação profissional e tecnológica do MEC, Eliezer Pachaco, “nos últimos anos o Brasil conseguiu desenvolver um projeto extremamente consistente de educação profissional. É certo que com esses passos escrevemos uma página importante na história do país”.

Além dos estudantes, serão prioritários no programa os trabalhadores beneficiários do seguro-desemprego e dos programas de transferência de renda do governo federal. Também serão atendidos jovens em conflito com a lei, quilombolas e ribeirinhos.

A diretora de integração das redes de educação profissional e tecnológica, Patrícia Barcelos, destaca a abrangência do Pronatec. “O Pronatec é um programa nacional que sistematiza e integra todas as ações da educação profissional. Ele tem a função de potencializar a capacidade instalada dos sistemas de ensino técnico”, explica. 

Modelos - Durante o evento também foram apresentadas experiências. Uma delas acontece em Porto Alegre, no bairro Restinga. Nesta localidade, 29 estudantes da Escola Estadual Raul Pilla têm acesso ao curso de manutenção e suporte em informática, com carga horária de mil horas, distribuídas ao longo de um ano e meio, na modalidade concomitância externa (aulas do curso técnico aplicadas no turno inverso ao do ensino regular). As aulas técnicas são realizadas no campus Restinga do Instituto Federal do Rio Grande do Sul. 

Outra experiência de trabalho conjunto acontece em Sergipe. Lá, desde 2010, são ofertados pelo Senai, cursos de técnico em administração, para 30 alunos do Colégio Estadual João Alves Filho, e de técnico em segurança do trabalho, para 30 alunos do Colégio Estadual Presidente Médice. 

Além disso, outros 100 alunos da rede estadual têm acesso a cursos técnicos em zootecnia e em agropecuária no campus São Cristovão do Instituto Federal de Sergipe. A diretora do serviço de educação profissional em Sergipe, Rivânia Andrade, destaca o trabalho para a implantação deste tipo de projeto. “Considero essas parcerias exitosas, pois trabalhamos desde o planejamento. Todas as ações da concomitância foram realizadas pelas equipes pedagógicas e professores das instituições envolvidas”, afirma.

Entre 1995 e 2005, o Brasil gerou 17,5 milhões de vagas em empregos formais, mas somente 1,8 milhão foram preenchidas por pessoas com até 24 anos. Um dos objetivos da atual política de educação profissional é qualificar os jovens para ocupar os postos de trabalho que necessitam de mão de obra especializada. Em 2010, as matrículas no ensino técnico ultrapassaram a marca de 1 milhão, de acordo com o censo da educação básica. Em torno de 19% dessas matrículas pertencem à modalidade concomitante e o restante está distribuído entre o técnico subsequente (62%) e o técnico integrado (18,9%).